Quem se lembra da campanha da Dove?
Alguns anos atrás, a marca resolveu levantar uma nova "bandeira", e lançou a "Campanha pela Real Beleza", incentivando mulheres do mundo todo a aceitar a sua própria aparência, preservarem sua auto estima e viverem bem com suas imagens.
A campanha não exaltava modelos esculturais, com cabelos lisos e brilhantes, com a pele lisa e macia, ao contrário, dava abertura para as diferentes nuances da beleza.
A nova inciativa da Louis Vuitton seguiu um caminho semelhante, e imediatamente gerou uma enorme repercussão na rede social de notícias, Reditt. Em pouquíssimas horas apareceram inúmeros comentários a respeito do assunto. A imagem divulgada pela grife mostrou um toque da realidade e revelou que, por trás da marca, existem mulheres reais com rostos reais.
Tão discutido, em especial nas últimas décadas, o assunto imagem corporal toma forma no pensamento de alguns estudiosos, que podemos contemplar:
Para Schilder (1994), a imagem corporal é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se nos apresenta.
Segundo Thompson (1996), o conceito de imagem corporal envolve três componentes:
• Perceptivo, que se relaciona com a precisão da percepção da própria aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do peso;
• Subjetivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada;
• Comportamental, que focaliza as situações evitadas pelo indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal (deixar de ir à praia por estar se sentindo "gorda" é clássico).
Para Stice (2002), existem evidências que dão suporte de que a mídia promove distúrbios da imagem corporal e alimentar. Análises têm estabelecido que modelos, atrizes e outros ícones femininos vêm se tornando mais magras ao longo das décadas. Indivíduos com transtornos alimentares sentem-se pressionados em demasia pela mídia para serem magros e reportam terem aprendido técnicas não-saudáveis de controle de peso (indução de vômitos, exercícios físicos rigorosos, dietas drásticas) através desse veículo.
Embora uma insatisfação ou distorção da imagem corporal possa estar presente em outros quadros psiquiátricos como transtorno dismórfico corporal, delírios somáticos, transexualismo, depressão, esquizofrenia e obesidade, é nos transtornos alimentares que seu papel sintomatológico e prognóstico é mais relevante.
Enquanto sociedade então, precisamos parar e pensar: o que queremos? o que realmente é belo para nós? É frequente chegar aos consultórios de Psiquiatria pessoas que se tornaram abusadoras de anfetaminas, laxantes e outras substâncias químicas, lícitas ou não, em uma frenética tentativa de modelar seus corpos à moda da mídia, violentando seu organismo e forçando sua natureza a um limite impossível de ser alcançado. E o ciclo da insatisfação nunca termina.
A triste realidade dos corpos que se degradam enquanto as mentes se mantém nos seus objetivos irreais desenhados em fotoshop. Uma obsessão dramática que pode levar à morte. Vejam, entretanto, de que maneira um mestre na restauração e harmonização do corpo, o Cirurgião Plástico Dr. Ivo Pitanguy nos brinda com um pensamento muito peculiar sobre a percepção de uma real beleza:
"A beleza tem de transcender o físico. Para mim, a americana Wallis Simpson, que viveu aquele célebre caso de amor com o duque de Windsor, levando a que ele abdicasse do trono da Inglaterra, era uma bela mulher. Apesar de não ter os traços e o corpo bonitos, ela impressionava pela sua presença marcante."
Finalmente, é também do mesmo mestre a seguinte consideração, e que nela possamos todos refletir:
"A busca da cirurgia plástica emana de uma finalidade transcendente. É a tentativa de harmonização do corpo com o espírito, da emoção com o racional, visando estabelecer um equilíbrio que permita ao indivíduo sentir-se em harmonia com sua própria imagem e com o universo que o cerca".
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