Psiquiatria, Espiritualidade e 24 h de Serenidade.
Estamos aqui para discutir os danos que nosso modo de encarar a vida pode causar à nossa saúde mental, física e espiritual. Podemos usar toda a Sabedoria que o Universo nos proporciona para vivermos mais serenos, apenas mudando nosso modo de pensar e agir. Há muitas ferramentas interessantes por aí, vamos descobri-las e aprender a usá-las. Sem ressentimentos pelo passado e sem medos pelo futuro. Afinal, só o que existe mesmo, de verdade, é o dia de hoje.
segunda-feira, 19 de março de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
Sigilo Profissional
Essa crônica é fantástica e não tinha como não publicá-la aqui. Que não desanime demais, contudo, aos incautos candidatos(as) encantados por essa gente tão estranha efascinante: nós, o povo Psiq.
"Escritor é fofoqueiro. Fofoca até o que acontece em sua imaginação. Se a vida não ajuda, ele trata de ajudar a vida inventando casos. É um trabalho em equipe.
Uma das minhas euforias é contar o dia para minha namorada. Volto de uma palestra, de uma aula, e vou falando sem nenhum empurrão. Narro que toquei no braço da poltrona e vi um chiclete colado no forro e fiquei sondando qual foi o palestrante porco que me antecedeu, lembro que fui elogiar um brinco da mediadora e era uma cicatriz, falo mal de uns e de outros, reproduzo o desempenho dos estudantes que mais crescem na atividade, cristalizo frases do Vicente (“Só sonho nos finais de semana, quando tenho direito a dormir até 8h30”) e coleciono dados para impressioná-la, tipo que a empresa Marco Polo vendeu 700 ônibus para Copa ou que Robinho é o jogador que fez mais propagandas no país. Confesso o que comi no almoço, o que jantei, quem encontrei, atualizo as histórias de meus amigos prediletos (todo amigo é uma fotonovela). Reproduzo frases do twitter, explico os textos que escrevi, sou uma draga.
É evidente que busco o contraponto e pergunto no meio da catarse noturna: “Como foi seu dia?”
Instante de tirar os sapatos, relaxar e intercambiar experiências. É a pausa para não me envaidecer com as próprias lembranças e desafiar os olhos a piscar devagar.
Mas ela me responde sempre com “bom”.
E o atendimento?, insisto.
“Deu tudo certo.” E o papo termina sem mais nem menos. Não termina, expira.
Namorar uma psiquiatra é o equivalente a namorar um agente secreto. Não há passado, mas prontuários. Ela não me abre coisa alguma, avisa que é tudo privado e segredo de paciente. Uma confidência de padre. Que não insista, que sua clientela confia nela. Tem uma bula de argumentos: se cochichar um hábito, sou bem capaz de reconhecer seu portador na rua.
Já ousei trilhar as perguntas de vários caminhos e sou interceptado com lacônicas generalizações. Não me esclarece se é homem ou mulher, sua saída é usar “uma pessoa”. Alta ou baixa? Nunca. Magra ou gorda? Nunca.
Fujo de seu telefone para não causar mal-estar. Quando tem uma urgência, saio de perto e cantarolo a fim de abafar o som. Eu me reprimo para não me deprimir.
Cogito em criar uma associação dos namorados e das namoradas de psiquiatras. Para discutir tudo o que não sabem dos seus parceiros e como admitir a inexistência diurna.
O máximo de intimidade é quando ela diferencia o atendimento entre pesado e leve. Pouco alcanço o que está passando, do que enfrentou em horas e horas de divã, se tem conseguido absorver traumas e resistências. Quem diz que não está metida numa boca braba? Não irei desconfiar. Não há um vazamento para descobrir a calha quebrada. Ela não fala, não pode falar. Não comenta uma indiscrição, guarda para si, uma pira espartana. Partilha convicções de uma seita, participa de uma mensagem cifrada, abraçou uma vocação, uma missão altamente solitária. Algo que minha curiosidade não aceitará. Não faz nenhuma diferença se prometo segredo — ela me achará abusado e invasivo. Não está no horizonte correr riscos profissionais pela minha carência. É assim e que trate de me acostumar.
Se eu fosse um colega, talvez me pedisse conselhos, talvez me ligasse para confirmar a dosagem da medicação, talvez dedicasse noites a detalhar fatos e cruzar informações. Apaziguada, desligaria o abajur, encostaria o rosto no peito e me agradeceria sinceramente pela ajuda e paciência. Eu me sentiria importante, lavaríamos os jalecos na mesma máquina de lavar. Ela não arderia de medo das minhas palavras e atitudes. Em nossas gargantas, haveria um idêntico juramento de formatura.
Mas eu não tenho anel verde de médico, meu sonho é a aliança que simplifica e democratiza as confidências, sofro horrores porque desconheço o dia dela. Não diferencio sua segunda da terça da quarta da quinta da sexta. É tudo um dia bom.
Ou arrumo um psiquiatra para desabafar ou curso Psiquiatria enquanto é tempo."
Crônica publicada no site Vida Breve
"Escritor é fofoqueiro. Fofoca até o que acontece em sua imaginação. Se a vida não ajuda, ele trata de ajudar a vida inventando casos. É um trabalho em equipe.
Uma das minhas euforias é contar o dia para minha namorada. Volto de uma palestra, de uma aula, e vou falando sem nenhum empurrão. Narro que toquei no braço da poltrona e vi um chiclete colado no forro e fiquei sondando qual foi o palestrante porco que me antecedeu, lembro que fui elogiar um brinco da mediadora e era uma cicatriz, falo mal de uns e de outros, reproduzo o desempenho dos estudantes que mais crescem na atividade, cristalizo frases do Vicente (“Só sonho nos finais de semana, quando tenho direito a dormir até 8h30”) e coleciono dados para impressioná-la, tipo que a empresa Marco Polo vendeu 700 ônibus para Copa ou que Robinho é o jogador que fez mais propagandas no país. Confesso o que comi no almoço, o que jantei, quem encontrei, atualizo as histórias de meus amigos prediletos (todo amigo é uma fotonovela). Reproduzo frases do twitter, explico os textos que escrevi, sou uma draga.
É evidente que busco o contraponto e pergunto no meio da catarse noturna: “Como foi seu dia?”
Instante de tirar os sapatos, relaxar e intercambiar experiências. É a pausa para não me envaidecer com as próprias lembranças e desafiar os olhos a piscar devagar.
Mas ela me responde sempre com “bom”.
E o atendimento?, insisto.
“Deu tudo certo.” E o papo termina sem mais nem menos. Não termina, expira.
Namorar uma psiquiatra é o equivalente a namorar um agente secreto. Não há passado, mas prontuários. Ela não me abre coisa alguma, avisa que é tudo privado e segredo de paciente. Uma confidência de padre. Que não insista, que sua clientela confia nela. Tem uma bula de argumentos: se cochichar um hábito, sou bem capaz de reconhecer seu portador na rua.
Já ousei trilhar as perguntas de vários caminhos e sou interceptado com lacônicas generalizações. Não me esclarece se é homem ou mulher, sua saída é usar “uma pessoa”. Alta ou baixa? Nunca. Magra ou gorda? Nunca.
Fujo de seu telefone para não causar mal-estar. Quando tem uma urgência, saio de perto e cantarolo a fim de abafar o som. Eu me reprimo para não me deprimir.
Cogito em criar uma associação dos namorados e das namoradas de psiquiatras. Para discutir tudo o que não sabem dos seus parceiros e como admitir a inexistência diurna.
O máximo de intimidade é quando ela diferencia o atendimento entre pesado e leve. Pouco alcanço o que está passando, do que enfrentou em horas e horas de divã, se tem conseguido absorver traumas e resistências. Quem diz que não está metida numa boca braba? Não irei desconfiar. Não há um vazamento para descobrir a calha quebrada. Ela não fala, não pode falar. Não comenta uma indiscrição, guarda para si, uma pira espartana. Partilha convicções de uma seita, participa de uma mensagem cifrada, abraçou uma vocação, uma missão altamente solitária. Algo que minha curiosidade não aceitará. Não faz nenhuma diferença se prometo segredo — ela me achará abusado e invasivo. Não está no horizonte correr riscos profissionais pela minha carência. É assim e que trate de me acostumar.
Se eu fosse um colega, talvez me pedisse conselhos, talvez me ligasse para confirmar a dosagem da medicação, talvez dedicasse noites a detalhar fatos e cruzar informações. Apaziguada, desligaria o abajur, encostaria o rosto no peito e me agradeceria sinceramente pela ajuda e paciência. Eu me sentiria importante, lavaríamos os jalecos na mesma máquina de lavar. Ela não arderia de medo das minhas palavras e atitudes. Em nossas gargantas, haveria um idêntico juramento de formatura.
Mas eu não tenho anel verde de médico, meu sonho é a aliança que simplifica e democratiza as confidências, sofro horrores porque desconheço o dia dela. Não diferencio sua segunda da terça da quarta da quinta da sexta. É tudo um dia bom.
Ou arrumo um psiquiatra para desabafar ou curso Psiquiatria enquanto é tempo."
Crônica publicada no site Vida Breve
domingo, 4 de março de 2012
Mulheres (e Homens) de verdade
Quem se lembra da campanha da Dove?
Alguns anos atrás, a marca resolveu levantar uma nova "bandeira", e lançou a "Campanha pela Real Beleza", incentivando mulheres do mundo todo a aceitar a sua própria aparência, preservarem sua auto estima e viverem bem com suas imagens.
A campanha não exaltava modelos esculturais, com cabelos lisos e brilhantes, com a pele lisa e macia, ao contrário, dava abertura para as diferentes nuances da beleza.
A nova inciativa da Louis Vuitton seguiu um caminho semelhante, e imediatamente gerou uma enorme repercussão na rede social de notícias, Reditt. Em pouquíssimas horas apareceram inúmeros comentários a respeito do assunto. A imagem divulgada pela grife mostrou um toque da realidade e revelou que, por trás da marca, existem mulheres reais com rostos reais.
Tão discutido, em especial nas últimas décadas, o assunto imagem corporal toma forma no pensamento de alguns estudiosos, que podemos contemplar:
Para Schilder (1994), a imagem corporal é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se nos apresenta.
Segundo Thompson (1996), o conceito de imagem corporal envolve três componentes:
• Perceptivo, que se relaciona com a precisão da percepção da própria aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do peso;
• Subjetivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada;
• Comportamental, que focaliza as situações evitadas pelo indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal (deixar de ir à praia por estar se sentindo "gorda" é clássico).
Para Stice (2002), existem evidências que dão suporte de que a mídia promove distúrbios da imagem corporal e alimentar. Análises têm estabelecido que modelos, atrizes e outros ícones femininos vêm se tornando mais magras ao longo das décadas. Indivíduos com transtornos alimentares sentem-se pressionados em demasia pela mídia para serem magros e reportam terem aprendido técnicas não-saudáveis de controle de peso (indução de vômitos, exercícios físicos rigorosos, dietas drásticas) através desse veículo.
Embora uma insatisfação ou distorção da imagem corporal possa estar presente em outros quadros psiquiátricos como transtorno dismórfico corporal, delírios somáticos, transexualismo, depressão, esquizofrenia e obesidade, é nos transtornos alimentares que seu papel sintomatológico e prognóstico é mais relevante.
Enquanto sociedade então, precisamos parar e pensar: o que queremos? o que realmente é belo para nós? É frequente chegar aos consultórios de Psiquiatria pessoas que se tornaram abusadoras de anfetaminas, laxantes e outras substâncias químicas, lícitas ou não, em uma frenética tentativa de modelar seus corpos à moda da mídia, violentando seu organismo e forçando sua natureza a um limite impossível de ser alcançado. E o ciclo da insatisfação nunca termina.
A triste realidade dos corpos que se degradam enquanto as mentes se mantém nos seus objetivos irreais desenhados em fotoshop. Uma obsessão dramática que pode levar à morte. Vejam, entretanto, de que maneira um mestre na restauração e harmonização do corpo, o Cirurgião Plástico Dr. Ivo Pitanguy nos brinda com um pensamento muito peculiar sobre a percepção de uma real beleza:
"A beleza tem de transcender o físico. Para mim, a americana Wallis Simpson, que viveu aquele célebre caso de amor com o duque de Windsor, levando a que ele abdicasse do trono da Inglaterra, era uma bela mulher. Apesar de não ter os traços e o corpo bonitos, ela impressionava pela sua presença marcante."
Finalmente, é também do mesmo mestre a seguinte consideração, e que nela possamos todos refletir:
"A busca da cirurgia plástica emana de uma finalidade transcendente. É a tentativa de harmonização do corpo com o espírito, da emoção com o racional, visando estabelecer um equilíbrio que permita ao indivíduo sentir-se em harmonia com sua própria imagem e com o universo que o cerca".
sábado, 3 de março de 2012
Os cães do Pastor
Era um dia quente e nesses dias as ovelhas ficavam mais agitadas. O pastor, como sempre, atendia a todas. Procurava vigiá-las, oferecia água, abrigo, acalanto...sua voz era ouvida e reconhecida por todas que nele sempre encontravam tudo o que precisavam para ter uma existência tranquila.
Mas entre as ovelhas sempre há uma um pouco mais rebelde. Curiosa, às vezes agitada, às vezes eufórica e achando-se especialista em todos os assuntos. Ora dona da verdade, ora dissimulada e manipuladora, tentando mostrar-se detentora de uma sabedoria que não possuía. Outras vezes, essa ovelha parecia deprimida; isolava-se do rebanho, tinha seu coração angustiado e seu pensamento assoberbado por idéias diferentes, uma sensação de estranheza acompanhada por uma voz que dizia em sua cabeça: "eu não sou daqui...."A floresta ao redor da fazenda era um convite para a ovelha curiosa; cada árvore frondosa, uns arbustos coloridos, diferentes...mágicos! Esticava o focinho, abria as narinas e procurava sentir o cheiro que vinha do desconhecido. A cada dia parecia gostar menos da vida que levava e sentia-se mais e mais seduzida pela escuridão da floresta. Não faltavam avisos e conselhos, mas a mente jovem e impetuosa da ovelha parecia fechada. Seu impulso pedia, seu desejo clamava, exigia, ordenava...e ela cedeu.
"Quanto pasto, quanto verde, que delícia!!!", exclamava a ovelha. "Como as outras são tolas, coitadas...umas bobas!". Sentia-se, afinal, livre, flutuando enebriada com a profusão de cores, sons e odores que a floresta apresentava.
O cuidadoso pastor vem calmamente reunindo seu rebanho, quando é avisado por um empregado:
- "Senhor, corre que vi tua ovelha adentrar a floresta! Vem, larga tudo e vamos buscá-la!"
- "Sei bem que a pequena se foi, meu caro. Conheço cada uma pelo seu nome, e basta chamá-las para perceber de imediato que uma falta."
- "Então que fazes tu parado aí, meu Senhor, parecendo despreocupado? Não sabes o que pode acontecer? Uma ovelha longe de seu rebanho é certamente comida de lobos! Podes imaginar os perigos que ela enfrentará?"
- "Sei bem o que as misérias que a esperam na solidão da floresta e, apesar de muito amá-la, não deixarei as outras para ir buscá-la. Contudo, certo estou que a terei comigo muito em breve."
- "Como?"
- "Dentro do local mais distante e escuro da floresta, onde tudo parecer totalmente perdido e a chance de retomar é cada vez menor, estão soltos a meu serviço dois competentes cachorros."
- "Cachorros? Que cachorros?"
- "Trabalham para mim e são exímios rastreadores das ovelhas que se afastam da minha proteção. Como meus cães são ferozes, e nossa ovelha muito rebelde e nem sempre se rende com facilidade, às vezes ela volta magoada, maltratada, com vários ferimentos abertos e muitas cicatrizes. Algumas chegam até mim semimortas, outras nem mesmo desejam viver. Não importa como ou quando se aproximarão de novo de mim, a realidade é que elas sempre retornarão...ora veja, ali adiante...Que bom, essa não demorou tanto!"
A nossa ovelha curiosa voltava desfalecida, suja, emagrecida e sangrando, arrastada pelos dentes de dois cães ansiosos por servirem seu senhor.
- "Que animais magníficos, meu caro Pastor! Devoram, amassam, trituram e às vezes deixam muitas cicatrizes, mas inexoravelmente trazem o desgarrado à tua presença. É espantoso! Diga, ó caríssimo, qual o nome dessas duas feras tão brutas e ao mesmo tempo tão necessária às tuas ovelhas?
- "Seus nomes? Esses cães atendem ao meu chamado e são conhecidos por todo o meu rebanho como "DOR" e "SOFRIMENTO".
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Poema (que eu tive a ousadia de modificar um poquinho)
“Antigamente, os
deuses eram homens.
Homens que se tornaram deuses por causa de seus
poderes.
Homens que se tornaram deuses
por causa de sua sabedoria.
Eles eram
respeitados por causa de sua força,
Eles
eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que
realizaram.
Foi assim que estes homens
tornaram-se deuses,
Os homens eram
numerosos sobre a terra.
Antigamente,
como hoje,
Muitos deles não eram valentes
nem sábios.
A memória destes não se
perpetuou
Eles foram completamente
esquecidos;
Não se tornaram
deuses.
Em cada vila, um culto se
estabeleceu
Sobre a lembrança de um
ancestral de prestígio
E lendas foram
transmitidas de geração em geração para
Render-lhes homenagem”.
(adaptado de) Pierre F. Verger
Homens que se tornaram deuses por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram deuses por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados por causa de sua força,
Eles eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.
Foi assim que estes homens tornaram-se deuses,
Os homens eram numerosos sobre a terra.
Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes nem sábios.
A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram deuses.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas de geração em geração para
Render-lhes homenagem”.
(adaptado de) Pierre F. Verger
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Nossa (íntima) ligação com a Terra
A maioria de nós ainda se lembra de "Avatar", o oscarizado e revolucionário filme de James Cameron, e da mensagem politica e ecologicamente correta de que nossa ligação com o ambiente em que vivemos, os outros seres, enfim, com o planeta de de modo geral, é muito mais ampla do que nossa vã filosofia sonha alcançar.
Muito bem. Olhando carinhosamente para essa idéia, achamos na página do EROS Center, ligado à pesquisa geológica do governo norte americano
(www.eros.usgs.gov), uma coleção especial de imagens que registra belíssimas paisagens através do recurso da fotografia por satélite. São imagens que incitam a imaginação e, na minha visão, possuem semelhança interessante e às vezes até assombrosa com o corpo humano, seja em perspectiva macroscópica ou microscópica.
Confira e divirta-se:
Um trecho montanhoso entre as províncias de Alberta e British Columbia, no Canadá...
...o cerebelo, essa protuberância à direita na imagem acima.
Depois de começar no norte de British Columbia, e fluindo através de Yukon, no Canadá, o rio Yukon atravessa o Alasca, EUA, antes de desaguar no mar de Bhering. Lagos incontáveis e lagoas estão espalhadas por toda esta cena do delta do Yukon.
O deserto de Rub 'al Khali, perto da fronteira entre a Arábia Saudita e Iêmen. As linhas de vento esculpindo a areia são característica dos desertos de areia imensos, ou "mares de areia", e o Rub 'al Khali é o maior deserto deste tipo no mundo...seu desenho é único...
...como também é única a arquitetura das fibras do músculo cardíaco observada à luz da microscopia.
É isso aí, pessoal.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Através da Prece e da Meditação
Em 21/04/09, Paulo Coelho escreveu:
Na meditação, o objetivo é afastar qualquer pensamento e se entregar ao que Krishnamurti chama de luz mental. Procura-se entrar em contato com Ágape – a palavra grega para definir um amor que está além do sentimento de gostar ou não gostar. Com a mente livre de pensamentos, esta luz pode se manifestar.
A prece é um segredo partilhado com Deus.
A meditação é um encontro com o anjo."
Levei um tempo razoável para entender o que era a prece, o que era a meditação; e um tempo ainda maior para começar a usá-las de uma forma satisfatória.
Comecei achando que prece deveria ser um conjunto de frases feitas diligentemente decorado na infância, e que meditação estava ligada a um fakhir hindu sentado impávido em uma cama de pregos. Isso não me ajudou. Contudo, ajudou-me menos ainda achar que não era nada disso, e que todas essas coisas não tinham valor, e deveriam ser trocadas por algo novo. Busquei a prece perfeita e a mais serena das meditações. Fracassei.
O Décimo Primeiro Passo parecia torturar-me:
"Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade."
Trabalhar minha aceitação a respeito do que o mundo me oferecia começou a abrir minha mente. A minha insolência
ao que me havia sido ensinado abrira as portas de minha arrogância. E me ensinaram que o arrogante "é o que não roga", ou seja, o que não pede ajuda. Entendi através de um estudo da Oração da Serenidade, que é facilmente memorizável, como deve ser uma oração, e que já começa pedindo que algo me seja dado ("concedei-me, Senhor"), justamente porque com ela vejo meu real tamanho. E nada me acalma mais do que enxergar quem sou.
Na oração eu partilho minha vontade, sem nenhuma expectativa de que seja cumprida. Aprendi que Deus não é Papai Noel, e não tem a obrigação de me atender a toda hora, ainda que eu esteja sendo um "bom menino". Com isso, não reclamo mais. Não sou mais alvo de minha intolerância. Eu agora, em meu Terceiro Passo, simplesmente entrego.
Meditar foi mais fácil. Bastou aprender que em minha passagem pelo mundo eu teria pouco a dizer e muito a ouvir. E que o segredo não estaria na qualidade das coisas que eu dizia, mas na quantidade de coisas que eu seria capaz de ouvir. Todos os sikhs e fakhirs que eu tinha na época como estereótipo do conceito de meditação o faziam em silêncio. Em silêncio comecei a observar. O silêncio respeitoso que eu dava ao mundo me era devolvido em forma de respostas. Sim, passou a funcionar. Calado como nunca gostei de ficar e atento a algo mais de que meu próprio umbigo, finalmente conseguia ouvir respostas, que por sinal eram muito diferentes das "verdades" pré fabricadas que eu defendia. Meditar era ouvir a voz de meus iguais, descobri serem eles os "anjos" de que Paulo Coelho falava. O nirvana era alcançado através da escuta atenta ao que o outro dizia, da permissão que eu dava a mim mesmo para receber seus abraços e de não mais me permitir ficar isolado. Oração e meditação foram coisas que decidimos experimentar, e quando surgiram resultados inesperados, nós vimos as coisas diferentes; de fato, sentimos de forma diferente e acabamos capitulando totalmente diante da meditação e da oração. E isso, descobrimos, pode acontecer com qualquer pessoa que experimente. Acertou quem disse que “os chacoteadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram devidamente.”
SPH
A prece é um segredo partilhado com Deus.
A meditação é um encontro com o anjo."
Levei um tempo razoável para entender o que era a prece, o que era a meditação; e um tempo ainda maior para começar a usá-las de uma forma satisfatória.
Comecei achando que prece deveria ser um conjunto de frases feitas diligentemente decorado na infância, e que meditação estava ligada a um fakhir hindu sentado impávido em uma cama de pregos. Isso não me ajudou. Contudo, ajudou-me menos ainda achar que não era nada disso, e que todas essas coisas não tinham valor, e deveriam ser trocadas por algo novo. Busquei a prece perfeita e a mais serena das meditações. Fracassei.
O Décimo Primeiro Passo parecia torturar-me:
"Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade."
Trabalhar minha aceitação a respeito do que o mundo me oferecia começou a abrir minha mente. A minha insolência
ao que me havia sido ensinado abrira as portas de minha arrogância. E me ensinaram que o arrogante "é o que não roga", ou seja, o que não pede ajuda. Entendi através de um estudo da Oração da Serenidade, que é facilmente memorizável, como deve ser uma oração, e que já começa pedindo que algo me seja dado ("concedei-me, Senhor"), justamente porque com ela vejo meu real tamanho. E nada me acalma mais do que enxergar quem sou.
Na oração eu partilho minha vontade, sem nenhuma expectativa de que seja cumprida. Aprendi que Deus não é Papai Noel, e não tem a obrigação de me atender a toda hora, ainda que eu esteja sendo um "bom menino". Com isso, não reclamo mais. Não sou mais alvo de minha intolerância. Eu agora, em meu Terceiro Passo, simplesmente entrego.
Meditar foi mais fácil. Bastou aprender que em minha passagem pelo mundo eu teria pouco a dizer e muito a ouvir. E que o segredo não estaria na qualidade das coisas que eu dizia, mas na quantidade de coisas que eu seria capaz de ouvir. Todos os sikhs e fakhirs que eu tinha na época como estereótipo do conceito de meditação o faziam em silêncio. Em silêncio comecei a observar. O silêncio respeitoso que eu dava ao mundo me era devolvido em forma de respostas. Sim, passou a funcionar. Calado como nunca gostei de ficar e atento a algo mais de que meu próprio umbigo, finalmente conseguia ouvir respostas, que por sinal eram muito diferentes das "verdades" pré fabricadas que eu defendia. Meditar era ouvir a voz de meus iguais, descobri serem eles os "anjos" de que Paulo Coelho falava. O nirvana era alcançado através da escuta atenta ao que o outro dizia, da permissão que eu dava a mim mesmo para receber seus abraços e de não mais me permitir ficar isolado. Oração e meditação foram coisas que decidimos experimentar, e quando surgiram resultados inesperados, nós vimos as coisas diferentes; de fato, sentimos de forma diferente e acabamos capitulando totalmente diante da meditação e da oração. E isso, descobrimos, pode acontecer com qualquer pessoa que experimente. Acertou quem disse que “os chacoteadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram devidamente.”
SPH
Assinar:
Postagens (Atom)