terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Através da Prece e da Meditação

Em 21/04/09, Paulo Coelho escreveu:
"Meditação e prece são totalmente distintas. Um homem reza quando está precisando de algo ou quando deseja agradecer.  Durante a prece, estamos conscientes de nossos pensamentos e de nossas necessidades. Não há nada de errado nisto – como não há nada de errado com um filho que pede ajuda aos seus pais.
Na meditação, o objetivo é afastar qualquer pensamento e se entregar ao que Krishnamurti chama de luz mental. Procura-se entrar em contato com Ágape – a palavra grega para definir um amor que está além do sentimento de gostar ou não gostar. Com a mente livre de pensamentos, esta luz pode se manifestar.
A prece é um segredo partilhado com Deus.
A meditação é um encontro com o anjo."

Levei um tempo razoável para entender o que era a prece, o que era a meditação; e um tempo ainda maior para começar a usá-las de uma forma satisfatória.
Comecei achando que prece deveria ser um conjunto de frases feitas diligentemente decorado na infância, e que meditação estava ligada a um fakhir hindu sentado impávido em uma cama de pregos. Isso não me ajudou. Contudo, ajudou-me menos ainda achar que não era nada disso, e que todas essas coisas não tinham valor, e deveriam ser trocadas por algo novo.  Busquei a prece perfeita e a mais serena das meditações.  Fracassei.

O Décimo Primeiro Passo parecia torturar-me:

 "Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade."

Trabalhar minha aceitação a respeito do que o mundo me oferecia começou a abrir minha mente.  A minha insolência
ao que me havia sido ensinado abrira as portas de minha arrogância.  E me ensinaram que o arrogante "é o que não roga", ou seja, o que não pede ajuda.  Entendi através de um estudo da Oração da Serenidade, que é facilmente memorizável, como deve ser uma oração, e que já começa pedindo que algo me seja dado ("concedei-me, Senhor"), justamente porque com ela vejo meu real tamanho.  E nada me acalma mais do que enxergar quem sou.
Na oração eu partilho minha vontade, sem nenhuma expectativa de que seja cumprida.  Aprendi que Deus não é Papai Noel, e não tem a obrigação de me atender a toda hora, ainda que eu esteja sendo um "bom menino".  Com isso, não reclamo mais. Não sou mais alvo de minha intolerância.  Eu agora, em meu Terceiro Passo, simplesmente entrego.
Meditar foi mais fácil.  Bastou aprender que em minha passagem pelo mundo eu teria pouco a dizer e muito a ouvir.  E que o segredo não estaria na qualidade das coisas que eu dizia, mas na quantidade de  coisas que eu seria capaz de ouvir.  Todos os sikhs e fakhirs que eu tinha na época como estereótipo do conceito de meditação o faziam em silêncio. Em silêncio comecei a observar.  O silêncio respeitoso que eu dava ao mundo me era devolvido em forma de respostas.  Sim, passou a funcionar.  Calado como nunca gostei de ficar e atento a algo mais de que meu próprio umbigo, finalmente conseguia ouvir respostas, que por sinal eram muito diferentes das "verdades"  pré fabricadas que eu defendia.  Meditar era ouvir a voz de meus iguais, descobri serem eles os "anjos" de que Paulo Coelho falava.  O nirvana era alcançado através da escuta atenta ao que o outro dizia, da permissão que eu dava a mim mesmo para receber seus abraços e de não mais me permitir ficar isolado. Oração e meditação foram coisas que decidimos experimentar, e quando surgiram resultados inesperados, nós vimos as coisas diferentes; de fato, sentimos de forma diferente e acabamos capitulando totalmente diante da meditação e da oração. E isso, descobrimos, pode acontecer com qualquer pessoa que experimente. Acertou quem disse que “os chacoteadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram devidamente.”

SPH






2 comentários:

  1. Muito bom podermos compartilhar nossas necessidades para que em comum solucionarmos nossas dificuldades que muitas vezes são comuns entre todos, estamos juntos pela paz serenidade e sobriedade!

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  2. Que MARAVILHA!

    Similia Similibus Curantur: Os semelhantes curam-se pelos semelhantes.

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