Estamos aqui para discutir os danos que nosso modo de encarar a vida pode causar à nossa saúde mental, física e espiritual. Podemos usar toda a Sabedoria que o Universo nos proporciona para vivermos mais serenos, apenas mudando nosso modo de pensar e agir. Há muitas ferramentas interessantes por aí, vamos descobri-las e aprender a usá-las. Sem ressentimentos pelo passado e sem medos pelo futuro. Afinal, só o que existe mesmo, de verdade, é o dia de hoje.
segunda-feira, 19 de março de 2012
terça-feira, 6 de março de 2012
Sigilo Profissional
Essa crônica é fantástica e não tinha como não publicá-la aqui. Que não desanime demais, contudo, aos incautos candidatos(as) encantados por essa gente tão estranha efascinante: nós, o povo Psiq.
"Escritor é fofoqueiro. Fofoca até o que acontece em sua imaginação. Se a vida não ajuda, ele trata de ajudar a vida inventando casos. É um trabalho em equipe.
Uma das minhas euforias é contar o dia para minha namorada. Volto de uma palestra, de uma aula, e vou falando sem nenhum empurrão. Narro que toquei no braço da poltrona e vi um chiclete colado no forro e fiquei sondando qual foi o palestrante porco que me antecedeu, lembro que fui elogiar um brinco da mediadora e era uma cicatriz, falo mal de uns e de outros, reproduzo o desempenho dos estudantes que mais crescem na atividade, cristalizo frases do Vicente (“Só sonho nos finais de semana, quando tenho direito a dormir até 8h30”) e coleciono dados para impressioná-la, tipo que a empresa Marco Polo vendeu 700 ônibus para Copa ou que Robinho é o jogador que fez mais propagandas no país. Confesso o que comi no almoço, o que jantei, quem encontrei, atualizo as histórias de meus amigos prediletos (todo amigo é uma fotonovela). Reproduzo frases do twitter, explico os textos que escrevi, sou uma draga.
É evidente que busco o contraponto e pergunto no meio da catarse noturna: “Como foi seu dia?”
Instante de tirar os sapatos, relaxar e intercambiar experiências. É a pausa para não me envaidecer com as próprias lembranças e desafiar os olhos a piscar devagar.
Mas ela me responde sempre com “bom”.
E o atendimento?, insisto.
“Deu tudo certo.” E o papo termina sem mais nem menos. Não termina, expira.
Namorar uma psiquiatra é o equivalente a namorar um agente secreto. Não há passado, mas prontuários. Ela não me abre coisa alguma, avisa que é tudo privado e segredo de paciente. Uma confidência de padre. Que não insista, que sua clientela confia nela. Tem uma bula de argumentos: se cochichar um hábito, sou bem capaz de reconhecer seu portador na rua.
Já ousei trilhar as perguntas de vários caminhos e sou interceptado com lacônicas generalizações. Não me esclarece se é homem ou mulher, sua saída é usar “uma pessoa”. Alta ou baixa? Nunca. Magra ou gorda? Nunca.
Fujo de seu telefone para não causar mal-estar. Quando tem uma urgência, saio de perto e cantarolo a fim de abafar o som. Eu me reprimo para não me deprimir.
Cogito em criar uma associação dos namorados e das namoradas de psiquiatras. Para discutir tudo o que não sabem dos seus parceiros e como admitir a inexistência diurna.
O máximo de intimidade é quando ela diferencia o atendimento entre pesado e leve. Pouco alcanço o que está passando, do que enfrentou em horas e horas de divã, se tem conseguido absorver traumas e resistências. Quem diz que não está metida numa boca braba? Não irei desconfiar. Não há um vazamento para descobrir a calha quebrada. Ela não fala, não pode falar. Não comenta uma indiscrição, guarda para si, uma pira espartana. Partilha convicções de uma seita, participa de uma mensagem cifrada, abraçou uma vocação, uma missão altamente solitária. Algo que minha curiosidade não aceitará. Não faz nenhuma diferença se prometo segredo — ela me achará abusado e invasivo. Não está no horizonte correr riscos profissionais pela minha carência. É assim e que trate de me acostumar.
Se eu fosse um colega, talvez me pedisse conselhos, talvez me ligasse para confirmar a dosagem da medicação, talvez dedicasse noites a detalhar fatos e cruzar informações. Apaziguada, desligaria o abajur, encostaria o rosto no peito e me agradeceria sinceramente pela ajuda e paciência. Eu me sentiria importante, lavaríamos os jalecos na mesma máquina de lavar. Ela não arderia de medo das minhas palavras e atitudes. Em nossas gargantas, haveria um idêntico juramento de formatura.
Mas eu não tenho anel verde de médico, meu sonho é a aliança que simplifica e democratiza as confidências, sofro horrores porque desconheço o dia dela. Não diferencio sua segunda da terça da quarta da quinta da sexta. É tudo um dia bom.
Ou arrumo um psiquiatra para desabafar ou curso Psiquiatria enquanto é tempo."
Crônica publicada no site Vida Breve
"Escritor é fofoqueiro. Fofoca até o que acontece em sua imaginação. Se a vida não ajuda, ele trata de ajudar a vida inventando casos. É um trabalho em equipe.
Uma das minhas euforias é contar o dia para minha namorada. Volto de uma palestra, de uma aula, e vou falando sem nenhum empurrão. Narro que toquei no braço da poltrona e vi um chiclete colado no forro e fiquei sondando qual foi o palestrante porco que me antecedeu, lembro que fui elogiar um brinco da mediadora e era uma cicatriz, falo mal de uns e de outros, reproduzo o desempenho dos estudantes que mais crescem na atividade, cristalizo frases do Vicente (“Só sonho nos finais de semana, quando tenho direito a dormir até 8h30”) e coleciono dados para impressioná-la, tipo que a empresa Marco Polo vendeu 700 ônibus para Copa ou que Robinho é o jogador que fez mais propagandas no país. Confesso o que comi no almoço, o que jantei, quem encontrei, atualizo as histórias de meus amigos prediletos (todo amigo é uma fotonovela). Reproduzo frases do twitter, explico os textos que escrevi, sou uma draga.
É evidente que busco o contraponto e pergunto no meio da catarse noturna: “Como foi seu dia?”
Instante de tirar os sapatos, relaxar e intercambiar experiências. É a pausa para não me envaidecer com as próprias lembranças e desafiar os olhos a piscar devagar.
Mas ela me responde sempre com “bom”.
E o atendimento?, insisto.
“Deu tudo certo.” E o papo termina sem mais nem menos. Não termina, expira.
Namorar uma psiquiatra é o equivalente a namorar um agente secreto. Não há passado, mas prontuários. Ela não me abre coisa alguma, avisa que é tudo privado e segredo de paciente. Uma confidência de padre. Que não insista, que sua clientela confia nela. Tem uma bula de argumentos: se cochichar um hábito, sou bem capaz de reconhecer seu portador na rua.
Já ousei trilhar as perguntas de vários caminhos e sou interceptado com lacônicas generalizações. Não me esclarece se é homem ou mulher, sua saída é usar “uma pessoa”. Alta ou baixa? Nunca. Magra ou gorda? Nunca.
Fujo de seu telefone para não causar mal-estar. Quando tem uma urgência, saio de perto e cantarolo a fim de abafar o som. Eu me reprimo para não me deprimir.
Cogito em criar uma associação dos namorados e das namoradas de psiquiatras. Para discutir tudo o que não sabem dos seus parceiros e como admitir a inexistência diurna.
O máximo de intimidade é quando ela diferencia o atendimento entre pesado e leve. Pouco alcanço o que está passando, do que enfrentou em horas e horas de divã, se tem conseguido absorver traumas e resistências. Quem diz que não está metida numa boca braba? Não irei desconfiar. Não há um vazamento para descobrir a calha quebrada. Ela não fala, não pode falar. Não comenta uma indiscrição, guarda para si, uma pira espartana. Partilha convicções de uma seita, participa de uma mensagem cifrada, abraçou uma vocação, uma missão altamente solitária. Algo que minha curiosidade não aceitará. Não faz nenhuma diferença se prometo segredo — ela me achará abusado e invasivo. Não está no horizonte correr riscos profissionais pela minha carência. É assim e que trate de me acostumar.
Se eu fosse um colega, talvez me pedisse conselhos, talvez me ligasse para confirmar a dosagem da medicação, talvez dedicasse noites a detalhar fatos e cruzar informações. Apaziguada, desligaria o abajur, encostaria o rosto no peito e me agradeceria sinceramente pela ajuda e paciência. Eu me sentiria importante, lavaríamos os jalecos na mesma máquina de lavar. Ela não arderia de medo das minhas palavras e atitudes. Em nossas gargantas, haveria um idêntico juramento de formatura.
Mas eu não tenho anel verde de médico, meu sonho é a aliança que simplifica e democratiza as confidências, sofro horrores porque desconheço o dia dela. Não diferencio sua segunda da terça da quarta da quinta da sexta. É tudo um dia bom.
Ou arrumo um psiquiatra para desabafar ou curso Psiquiatria enquanto é tempo."
Crônica publicada no site Vida Breve
domingo, 4 de março de 2012
Mulheres (e Homens) de verdade
Quem se lembra da campanha da Dove?
Alguns anos atrás, a marca resolveu levantar uma nova "bandeira", e lançou a "Campanha pela Real Beleza", incentivando mulheres do mundo todo a aceitar a sua própria aparência, preservarem sua auto estima e viverem bem com suas imagens.
A campanha não exaltava modelos esculturais, com cabelos lisos e brilhantes, com a pele lisa e macia, ao contrário, dava abertura para as diferentes nuances da beleza.
A nova inciativa da Louis Vuitton seguiu um caminho semelhante, e imediatamente gerou uma enorme repercussão na rede social de notícias, Reditt. Em pouquíssimas horas apareceram inúmeros comentários a respeito do assunto. A imagem divulgada pela grife mostrou um toque da realidade e revelou que, por trás da marca, existem mulheres reais com rostos reais.
Tão discutido, em especial nas últimas décadas, o assunto imagem corporal toma forma no pensamento de alguns estudiosos, que podemos contemplar:
Para Schilder (1994), a imagem corporal é a figura de nosso próprio corpo que formamos em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se nos apresenta.
Segundo Thompson (1996), o conceito de imagem corporal envolve três componentes:
• Perceptivo, que se relaciona com a precisão da percepção da própria aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do peso;
• Subjetivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada;
• Comportamental, que focaliza as situações evitadas pelo indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal (deixar de ir à praia por estar se sentindo "gorda" é clássico).
Para Stice (2002), existem evidências que dão suporte de que a mídia promove distúrbios da imagem corporal e alimentar. Análises têm estabelecido que modelos, atrizes e outros ícones femininos vêm se tornando mais magras ao longo das décadas. Indivíduos com transtornos alimentares sentem-se pressionados em demasia pela mídia para serem magros e reportam terem aprendido técnicas não-saudáveis de controle de peso (indução de vômitos, exercícios físicos rigorosos, dietas drásticas) através desse veículo.
Embora uma insatisfação ou distorção da imagem corporal possa estar presente em outros quadros psiquiátricos como transtorno dismórfico corporal, delírios somáticos, transexualismo, depressão, esquizofrenia e obesidade, é nos transtornos alimentares que seu papel sintomatológico e prognóstico é mais relevante.
Enquanto sociedade então, precisamos parar e pensar: o que queremos? o que realmente é belo para nós? É frequente chegar aos consultórios de Psiquiatria pessoas que se tornaram abusadoras de anfetaminas, laxantes e outras substâncias químicas, lícitas ou não, em uma frenética tentativa de modelar seus corpos à moda da mídia, violentando seu organismo e forçando sua natureza a um limite impossível de ser alcançado. E o ciclo da insatisfação nunca termina.
A triste realidade dos corpos que se degradam enquanto as mentes se mantém nos seus objetivos irreais desenhados em fotoshop. Uma obsessão dramática que pode levar à morte. Vejam, entretanto, de que maneira um mestre na restauração e harmonização do corpo, o Cirurgião Plástico Dr. Ivo Pitanguy nos brinda com um pensamento muito peculiar sobre a percepção de uma real beleza:
"A beleza tem de transcender o físico. Para mim, a americana Wallis Simpson, que viveu aquele célebre caso de amor com o duque de Windsor, levando a que ele abdicasse do trono da Inglaterra, era uma bela mulher. Apesar de não ter os traços e o corpo bonitos, ela impressionava pela sua presença marcante."
Finalmente, é também do mesmo mestre a seguinte consideração, e que nela possamos todos refletir:
"A busca da cirurgia plástica emana de uma finalidade transcendente. É a tentativa de harmonização do corpo com o espírito, da emoção com o racional, visando estabelecer um equilíbrio que permita ao indivíduo sentir-se em harmonia com sua própria imagem e com o universo que o cerca".
sábado, 3 de março de 2012
Os cães do Pastor
Era um dia quente e nesses dias as ovelhas ficavam mais agitadas. O pastor, como sempre, atendia a todas. Procurava vigiá-las, oferecia água, abrigo, acalanto...sua voz era ouvida e reconhecida por todas que nele sempre encontravam tudo o que precisavam para ter uma existência tranquila.
Mas entre as ovelhas sempre há uma um pouco mais rebelde. Curiosa, às vezes agitada, às vezes eufórica e achando-se especialista em todos os assuntos. Ora dona da verdade, ora dissimulada e manipuladora, tentando mostrar-se detentora de uma sabedoria que não possuía. Outras vezes, essa ovelha parecia deprimida; isolava-se do rebanho, tinha seu coração angustiado e seu pensamento assoberbado por idéias diferentes, uma sensação de estranheza acompanhada por uma voz que dizia em sua cabeça: "eu não sou daqui...."A floresta ao redor da fazenda era um convite para a ovelha curiosa; cada árvore frondosa, uns arbustos coloridos, diferentes...mágicos! Esticava o focinho, abria as narinas e procurava sentir o cheiro que vinha do desconhecido. A cada dia parecia gostar menos da vida que levava e sentia-se mais e mais seduzida pela escuridão da floresta. Não faltavam avisos e conselhos, mas a mente jovem e impetuosa da ovelha parecia fechada. Seu impulso pedia, seu desejo clamava, exigia, ordenava...e ela cedeu.
"Quanto pasto, quanto verde, que delícia!!!", exclamava a ovelha. "Como as outras são tolas, coitadas...umas bobas!". Sentia-se, afinal, livre, flutuando enebriada com a profusão de cores, sons e odores que a floresta apresentava.
O cuidadoso pastor vem calmamente reunindo seu rebanho, quando é avisado por um empregado:
- "Senhor, corre que vi tua ovelha adentrar a floresta! Vem, larga tudo e vamos buscá-la!"
- "Sei bem que a pequena se foi, meu caro. Conheço cada uma pelo seu nome, e basta chamá-las para perceber de imediato que uma falta."
- "Então que fazes tu parado aí, meu Senhor, parecendo despreocupado? Não sabes o que pode acontecer? Uma ovelha longe de seu rebanho é certamente comida de lobos! Podes imaginar os perigos que ela enfrentará?"
- "Sei bem o que as misérias que a esperam na solidão da floresta e, apesar de muito amá-la, não deixarei as outras para ir buscá-la. Contudo, certo estou que a terei comigo muito em breve."
- "Como?"
- "Dentro do local mais distante e escuro da floresta, onde tudo parecer totalmente perdido e a chance de retomar é cada vez menor, estão soltos a meu serviço dois competentes cachorros."
- "Cachorros? Que cachorros?"
- "Trabalham para mim e são exímios rastreadores das ovelhas que se afastam da minha proteção. Como meus cães são ferozes, e nossa ovelha muito rebelde e nem sempre se rende com facilidade, às vezes ela volta magoada, maltratada, com vários ferimentos abertos e muitas cicatrizes. Algumas chegam até mim semimortas, outras nem mesmo desejam viver. Não importa como ou quando se aproximarão de novo de mim, a realidade é que elas sempre retornarão...ora veja, ali adiante...Que bom, essa não demorou tanto!"
A nossa ovelha curiosa voltava desfalecida, suja, emagrecida e sangrando, arrastada pelos dentes de dois cães ansiosos por servirem seu senhor.
- "Que animais magníficos, meu caro Pastor! Devoram, amassam, trituram e às vezes deixam muitas cicatrizes, mas inexoravelmente trazem o desgarrado à tua presença. É espantoso! Diga, ó caríssimo, qual o nome dessas duas feras tão brutas e ao mesmo tempo tão necessária às tuas ovelhas?
- "Seus nomes? Esses cães atendem ao meu chamado e são conhecidos por todo o meu rebanho como "DOR" e "SOFRIMENTO".
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Poema (que eu tive a ousadia de modificar um poquinho)
“Antigamente, os
deuses eram homens.
Homens que se tornaram deuses por causa de seus
poderes.
Homens que se tornaram deuses
por causa de sua sabedoria.
Eles eram
respeitados por causa de sua força,
Eles
eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que
realizaram.
Foi assim que estes homens
tornaram-se deuses,
Os homens eram
numerosos sobre a terra.
Antigamente,
como hoje,
Muitos deles não eram valentes
nem sábios.
A memória destes não se
perpetuou
Eles foram completamente
esquecidos;
Não se tornaram
deuses.
Em cada vila, um culto se
estabeleceu
Sobre a lembrança de um
ancestral de prestígio
E lendas foram
transmitidas de geração em geração para
Render-lhes homenagem”.
(adaptado de) Pierre F. Verger
Homens que se tornaram deuses por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram deuses por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados por causa de sua força,
Eles eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.
Foi assim que estes homens tornaram-se deuses,
Os homens eram numerosos sobre a terra.
Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes nem sábios.
A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram deuses.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas de geração em geração para
Render-lhes homenagem”.
(adaptado de) Pierre F. Verger
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Nossa (íntima) ligação com a Terra
A maioria de nós ainda se lembra de "Avatar", o oscarizado e revolucionário filme de James Cameron, e da mensagem politica e ecologicamente correta de que nossa ligação com o ambiente em que vivemos, os outros seres, enfim, com o planeta de de modo geral, é muito mais ampla do que nossa vã filosofia sonha alcançar.
Muito bem. Olhando carinhosamente para essa idéia, achamos na página do EROS Center, ligado à pesquisa geológica do governo norte americano
(www.eros.usgs.gov), uma coleção especial de imagens que registra belíssimas paisagens através do recurso da fotografia por satélite. São imagens que incitam a imaginação e, na minha visão, possuem semelhança interessante e às vezes até assombrosa com o corpo humano, seja em perspectiva macroscópica ou microscópica.
Confira e divirta-se:
Um trecho montanhoso entre as províncias de Alberta e British Columbia, no Canadá...
...o cerebelo, essa protuberância à direita na imagem acima.
Depois de começar no norte de British Columbia, e fluindo através de Yukon, no Canadá, o rio Yukon atravessa o Alasca, EUA, antes de desaguar no mar de Bhering. Lagos incontáveis e lagoas estão espalhadas por toda esta cena do delta do Yukon.
O deserto de Rub 'al Khali, perto da fronteira entre a Arábia Saudita e Iêmen. As linhas de vento esculpindo a areia são característica dos desertos de areia imensos, ou "mares de areia", e o Rub 'al Khali é o maior deserto deste tipo no mundo...seu desenho é único...
...como também é única a arquitetura das fibras do músculo cardíaco observada à luz da microscopia.
É isso aí, pessoal.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Através da Prece e da Meditação
Em 21/04/09, Paulo Coelho escreveu:
Na meditação, o objetivo é afastar qualquer pensamento e se entregar ao que Krishnamurti chama de luz mental. Procura-se entrar em contato com Ágape – a palavra grega para definir um amor que está além do sentimento de gostar ou não gostar. Com a mente livre de pensamentos, esta luz pode se manifestar.
A prece é um segredo partilhado com Deus.
A meditação é um encontro com o anjo."
Levei um tempo razoável para entender o que era a prece, o que era a meditação; e um tempo ainda maior para começar a usá-las de uma forma satisfatória.
Comecei achando que prece deveria ser um conjunto de frases feitas diligentemente decorado na infância, e que meditação estava ligada a um fakhir hindu sentado impávido em uma cama de pregos. Isso não me ajudou. Contudo, ajudou-me menos ainda achar que não era nada disso, e que todas essas coisas não tinham valor, e deveriam ser trocadas por algo novo. Busquei a prece perfeita e a mais serena das meditações. Fracassei.
O Décimo Primeiro Passo parecia torturar-me:
"Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade."
Trabalhar minha aceitação a respeito do que o mundo me oferecia começou a abrir minha mente. A minha insolência
ao que me havia sido ensinado abrira as portas de minha arrogância. E me ensinaram que o arrogante "é o que não roga", ou seja, o que não pede ajuda. Entendi através de um estudo da Oração da Serenidade, que é facilmente memorizável, como deve ser uma oração, e que já começa pedindo que algo me seja dado ("concedei-me, Senhor"), justamente porque com ela vejo meu real tamanho. E nada me acalma mais do que enxergar quem sou.
Na oração eu partilho minha vontade, sem nenhuma expectativa de que seja cumprida. Aprendi que Deus não é Papai Noel, e não tem a obrigação de me atender a toda hora, ainda que eu esteja sendo um "bom menino". Com isso, não reclamo mais. Não sou mais alvo de minha intolerância. Eu agora, em meu Terceiro Passo, simplesmente entrego.
Meditar foi mais fácil. Bastou aprender que em minha passagem pelo mundo eu teria pouco a dizer e muito a ouvir. E que o segredo não estaria na qualidade das coisas que eu dizia, mas na quantidade de coisas que eu seria capaz de ouvir. Todos os sikhs e fakhirs que eu tinha na época como estereótipo do conceito de meditação o faziam em silêncio. Em silêncio comecei a observar. O silêncio respeitoso que eu dava ao mundo me era devolvido em forma de respostas. Sim, passou a funcionar. Calado como nunca gostei de ficar e atento a algo mais de que meu próprio umbigo, finalmente conseguia ouvir respostas, que por sinal eram muito diferentes das "verdades" pré fabricadas que eu defendia. Meditar era ouvir a voz de meus iguais, descobri serem eles os "anjos" de que Paulo Coelho falava. O nirvana era alcançado através da escuta atenta ao que o outro dizia, da permissão que eu dava a mim mesmo para receber seus abraços e de não mais me permitir ficar isolado. Oração e meditação foram coisas que decidimos experimentar, e quando surgiram resultados inesperados, nós vimos as coisas diferentes; de fato, sentimos de forma diferente e acabamos capitulando totalmente diante da meditação e da oração. E isso, descobrimos, pode acontecer com qualquer pessoa que experimente. Acertou quem disse que “os chacoteadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram devidamente.”
SPH
A prece é um segredo partilhado com Deus.
A meditação é um encontro com o anjo."
Levei um tempo razoável para entender o que era a prece, o que era a meditação; e um tempo ainda maior para começar a usá-las de uma forma satisfatória.
Comecei achando que prece deveria ser um conjunto de frases feitas diligentemente decorado na infância, e que meditação estava ligada a um fakhir hindu sentado impávido em uma cama de pregos. Isso não me ajudou. Contudo, ajudou-me menos ainda achar que não era nada disso, e que todas essas coisas não tinham valor, e deveriam ser trocadas por algo novo. Busquei a prece perfeita e a mais serena das meditações. Fracassei.
O Décimo Primeiro Passo parecia torturar-me:
"Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade."
Trabalhar minha aceitação a respeito do que o mundo me oferecia começou a abrir minha mente. A minha insolência
ao que me havia sido ensinado abrira as portas de minha arrogância. E me ensinaram que o arrogante "é o que não roga", ou seja, o que não pede ajuda. Entendi através de um estudo da Oração da Serenidade, que é facilmente memorizável, como deve ser uma oração, e que já começa pedindo que algo me seja dado ("concedei-me, Senhor"), justamente porque com ela vejo meu real tamanho. E nada me acalma mais do que enxergar quem sou.
Na oração eu partilho minha vontade, sem nenhuma expectativa de que seja cumprida. Aprendi que Deus não é Papai Noel, e não tem a obrigação de me atender a toda hora, ainda que eu esteja sendo um "bom menino". Com isso, não reclamo mais. Não sou mais alvo de minha intolerância. Eu agora, em meu Terceiro Passo, simplesmente entrego.
Meditar foi mais fácil. Bastou aprender que em minha passagem pelo mundo eu teria pouco a dizer e muito a ouvir. E que o segredo não estaria na qualidade das coisas que eu dizia, mas na quantidade de coisas que eu seria capaz de ouvir. Todos os sikhs e fakhirs que eu tinha na época como estereótipo do conceito de meditação o faziam em silêncio. Em silêncio comecei a observar. O silêncio respeitoso que eu dava ao mundo me era devolvido em forma de respostas. Sim, passou a funcionar. Calado como nunca gostei de ficar e atento a algo mais de que meu próprio umbigo, finalmente conseguia ouvir respostas, que por sinal eram muito diferentes das "verdades" pré fabricadas que eu defendia. Meditar era ouvir a voz de meus iguais, descobri serem eles os "anjos" de que Paulo Coelho falava. O nirvana era alcançado através da escuta atenta ao que o outro dizia, da permissão que eu dava a mim mesmo para receber seus abraços e de não mais me permitir ficar isolado. Oração e meditação foram coisas que decidimos experimentar, e quando surgiram resultados inesperados, nós vimos as coisas diferentes; de fato, sentimos de forma diferente e acabamos capitulando totalmente diante da meditação e da oração. E isso, descobrimos, pode acontecer com qualquer pessoa que experimente. Acertou quem disse que “os chacoteadores da oração são, quase sempre, aqueles que não a experimentaram devidamente.”
SPH
Quem você acha que falta aqui?
A figura abaixo mostra uns caras que a maioria de nós conhece, ao menos de nome, e que todos sabemos que as suas idéias foram e são importantíssimas na formação do pensamento humano e também na busca pela saúde mental.
Mas certamente cada um de nós conhece outro pensador, outro teórico interessante que pelo seu trabalho e pensamento merece estar aqui entre esse "bons companheiros". Diga quem é seu escolhido e o porquê dele merecer fazer parte do nosso "Esquadrão Psi".
Abraços.
OS DEZ MANDAMENTOS DA SERENIDADE
1 - SÓ POR HOJE, TRATAREI DE VIVER EXCLUSIVAMENTE ESTE DIA, SEM QUERER RESOLVER O PROBLEMA DA MINHA VIDA DE UMA SÓ VEZ.
2 - SÓ POR HOJE, TEREI O MÁXIMO CARINHO COM O MEU MODO DE TRATAR OS OUTROS: SEREI DELICADO NAS MINHAS MANEIRAS E NÃO CRITICAREI NINGUÉM, SENÃO A MIM MESMO.
3 - SÓ POR HOJE, SENTIR-ME-EI FELIZ COM CERTEZA DE TER SIDO CRIADO PARA SER
FELIZ, COM A CERTEZA NÃO SÓ NO OUTRO MUNDO, MAS TAMBÉM NESTE.
4 - SÓ POR HOJE, ADAPTAR-ME-EI ÀS CIRCUNSTÂNCIAS, SEM PRETENDER QUE AS CIRCUNSTÂNCIAS SE ADAPTEM TODAS AOS MEUS DESEJOS.
5 - SÓ POR HOJE, DEDICAREI 10 MINUTOS DO MEU TEMPO A UMA BOA LEITURA, LEMBRANDO-ME QUE ASSIM COMO É PRECISO COMER PARA SUSTENTAR O CORPO, TAMBÉM A LEITURA É NECESSÁRIA PARA ALIMENTAR A VIDA DA MINHA ALMA.
6 - SÓ POR HOJE, PRATICAREI UMA BOA AÇÃO SEM CONTAR A NINGUÉM.
7 - SÓ POR HOJE, FAREI UMA COISA DE QUE NÃO GOSTO, E SE ME SENTIR OFENDIDO NOS MEUS SENTIMENTOS, PROCURAREI FAZER COM QUE NINGUÉM O SAIBA.
8 - SÓ POR HOJE, FAREI UM PROGRAMA BEM COMPLETO DO MEU DIA. TALVEZ NÃO O EXECUTE PERFEITAMENTE, MAS EM TODO CASO VOU FAZÊ-LO. GUARDAR-ME-EI BEM DE DUAS CALAMIDADES: DA PRESSA E DA INDECISÃO.
9 - SÓ POR HOJE, SEREI BEM FIRME NA FÉ DE QUE A DIVINA PROVIDÊNCIA SE OCUPA DE MIM COMO SE SOMENTE EU EXISTISSE NO MUNDO AINDA QUE AS CIRCUNSTÂNCIAS SE MANIFESTEM AO CONTRÁRIO.
10 - SÓ POR HOJE, NÃO TEREI MEDO DE QUALQUER COISA. EM PARTICULAR, NÃO TEREI MEDO DE CRER NA BONDADE.
Viva o 'tríduo momesco!'
Esse artigo do Arnaldo Jabor foi publicado no jornal O Estado de S.Paulo em 15 de fevereiro de 2010. Não poderia ser mais atual. Divirtam-se:
"Todo ano meu artigo cai na terça-feira de carnaval e todo ano me repito sobre
o chamado "tríduo momesco", como escreviam os jornalistas barrocos. Os bombeiros
eram os "bravos soldados do fogo", um incêndio era o "belo horrível" e "no
desastre o trem ficou reduzido a um monte de ferros retorcidos". E o carnaval
era o "tríduo momesco".
Todo ano, espremo a cabeça sobre o assunto - nostalgias, pretensas reflexões - e nada sai de novo.
Assim, resolvi fazer uma antologia de mim mesmo sobre forrobodó de fevereiro, o farrancho, a folia, a folgança, o banzé, a bambochata, como rezam os sinônimos do genial dicionário analógico de Francisco dos Santos Azevedo.
Muito bem.
Acho o carnaval nossa patuscada e grandeza. Como pode o mundo achar o carnaval um desvio da razão, este mundo insano de Chávez, Irã , Iraque, de bombas "clean" contra bombas sujas? O carnaval nos vê e exibe a matéria de que somos feitos, por baixo dessa mímica de "Ocidente" que tentamos há quatro séculos.
A África e os índios nos salvaram, assim como salvaram os USA. Que seria da América sem o jazz?
O carnaval é feminino; o "rock" é de homem. O "rock" é guerra; o carnaval é luxo e volúpia. As mulheres que flutuam no ar dos desfiles estão além do desejo real. Conquistadas, elas seriam reais, mas nosso desejo as quer como metáforas inatingíveis.
Se bem que, nos musicais americanos, quem inventou as escolas de samba na tela foi o americano Busby Berkeley, esse gênio esquecido.
Talvez nosso carnaval seja uma doença salvadora, uma epidemia de delírio de que o mundo precisa, além da guerra, da velocidade e do mercado cruel.
A "razão perversa" é a razão do carnaval. Não a perversão como "pecado", mas como a busca de uma civilização "não civilizada", de retorno a uma animalidade perdida e pulsante.
A sacanagem das matas profundas é diferente das surubas calvinistas de Nova York, que inventaram o sexo torturado nas boates doentias e acabaram na Aids. Nosso carnaval mostra que o Inconsciente brasileiro está a flor da carne. Quanto mais civilizado o país, mais fundo o recalque. Já imaginaram nossa cascata de bundas na Suíça?
Antes, o carnaval começava no Rio com as marchinhas tocando no rádio desde dezembro, sob o canto das cigarras do verão.
Na terça-feira (hoje) eu ia com meu pai à Avenida Rio Branco, ver a passagem das "sociedades" carnavalescas.
Eram carros alegóricos cheios de rodas moventes, de estátuas de papel e massa, grandes e toscas carrancas, estrelas, sóis, luas cobertos de mulheres provocantes. As "sociedades" competiam com nomes góticos como "Pierrôs da Caverna" ou "Tenentes do Diabo". Todo mundo cantava: "Chiquita Bacana lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica!" De repente, eu vi um carro imenso que era um despotismo de cachos de banana, onde dançava uma mulher lindíssima, completamente nua na proa. Os pais de família, as mães de família (todo mundo era de família) sussurravam: "Olha a Elvira Pagã! Olha a Elvira Pagã!"
Já contei essa história aqui, mas repito.
Elvira Pagã era apenas uma vedete mas, naquele ano remoto, ela queria "provar" alguma coisa. Algumas atrizes como ela (Luz del Fuego e outras) transcendiam o palco e viravam símbolos dos desejos reprimidos no coração das famílias. Eu via nas senhoras distintas a inveja infinita e escandalizada e no olhar de meu pai um brilho faminto que eu não conhecia. Elvira Pagã (que nome anticristão e livre...) foi a precursora corajosa das mulheres nuas de hoje, como Luz del Fuego e Eros Volusia.
Hoje, as mulheres do carnaval travam uma competição frenética de bundas e seios e eu me pergunto: O que querem elas provar? Querem nos levar para o fundo do mar como sereias, querem destruir os lares, querem mostrar que o sexo sem limites resolverá os problemas do Brasil?
Até hoje, quando penso nos carnavais da minha infância, lembro do cheiro do lança-perfume. Carnaval para mim era o cheiro.
O lança-perfume era tudo. Havia uns em vidro, frágeis como ampolas, mas o símbolo do carnaval era o Rodouro Metálico, que ejetava um fino jato de éter, gelando as costas nuas de odaliscas e havaianas que se torciam em risos trêmulos. O perfume flutuava pelas avenidas como uma aragem geral, uma nuvem de felicidade salpicada de pontos coloridos de confetes e rasgada por serpentinas. Hoje, com os corpos malhados, excessivamente nus, falta a celulite, falta o mau jeito, falta o medo, a ingenuidade, o romantismo, falta Braguinha, Lamartine Babo, Mario Lago. Lembro também das escolas de samba a pé ainda na Avenida Rio Branco, um bando de índios de bigode e penas de espanador, pintados de preto, seguidos pelas gordas baianas cobertas de balangandãs.
Naquele atraso havia ainda uma preciosa alma brasileira, um ritmo humano de esperança que víamos no carnaval e no futebol, com Ademir e Zizinho geniais, disputando o Vasco e Bangu, esperança ingênua que se via nos bondes, nos botecos, nos caixotes dos bicheiros nas ruas, nas cadeiras da calçada e até nas favelas líricas e sem droga, sem crimes hediondos.
Este passado ainda se vê hoje no mundo dos foliões anônimos. Nas ruas, está a preciosa origem do carnaval profundo. Lá, estão os desesperados, os famintos de amor, os malucos, os excluídos da festa oficial. O carnaval das ruas está longe do populismo oficial, que transforma o popular em kitsch.
Nas ruas, estão os blocos dos anjos de cara suja, os blocos das escrotas, dos vagabundos, dos bêbados ornamentais, da crioulada pobre.
Só os sujos são santos. Ali, estão as três raças brasileiras entrelaçadas num casamento grupal doido: negros, brancos e índios dando à luz um grande bebê mestiço e gargalhante.
O carnaval de hoje é um grande tumulto. Parece uma calamidade pública musicada por uma euforia disputada pelo narcisismo de burgueses e burguesas se despindo para aparecerem na TV.
Em matéria de saudades, sou nacionalista.
Tenho vontade de botar uma camisa amarela, sair com um reco-reco e um pandeiro na mão e sumir no turbilhão da galeria da minha vida que já passou."
Todo ano, espremo a cabeça sobre o assunto - nostalgias, pretensas reflexões - e nada sai de novo.
Assim, resolvi fazer uma antologia de mim mesmo sobre forrobodó de fevereiro, o farrancho, a folia, a folgança, o banzé, a bambochata, como rezam os sinônimos do genial dicionário analógico de Francisco dos Santos Azevedo.
Muito bem.
Acho o carnaval nossa patuscada e grandeza. Como pode o mundo achar o carnaval um desvio da razão, este mundo insano de Chávez, Irã , Iraque, de bombas "clean" contra bombas sujas? O carnaval nos vê e exibe a matéria de que somos feitos, por baixo dessa mímica de "Ocidente" que tentamos há quatro séculos.
A África e os índios nos salvaram, assim como salvaram os USA. Que seria da América sem o jazz?
O carnaval é feminino; o "rock" é de homem. O "rock" é guerra; o carnaval é luxo e volúpia. As mulheres que flutuam no ar dos desfiles estão além do desejo real. Conquistadas, elas seriam reais, mas nosso desejo as quer como metáforas inatingíveis.
Se bem que, nos musicais americanos, quem inventou as escolas de samba na tela foi o americano Busby Berkeley, esse gênio esquecido.
Talvez nosso carnaval seja uma doença salvadora, uma epidemia de delírio de que o mundo precisa, além da guerra, da velocidade e do mercado cruel.
A "razão perversa" é a razão do carnaval. Não a perversão como "pecado", mas como a busca de uma civilização "não civilizada", de retorno a uma animalidade perdida e pulsante.
A sacanagem das matas profundas é diferente das surubas calvinistas de Nova York, que inventaram o sexo torturado nas boates doentias e acabaram na Aids. Nosso carnaval mostra que o Inconsciente brasileiro está a flor da carne. Quanto mais civilizado o país, mais fundo o recalque. Já imaginaram nossa cascata de bundas na Suíça?
Antes, o carnaval começava no Rio com as marchinhas tocando no rádio desde dezembro, sob o canto das cigarras do verão.
Na terça-feira (hoje) eu ia com meu pai à Avenida Rio Branco, ver a passagem das "sociedades" carnavalescas.
Eram carros alegóricos cheios de rodas moventes, de estátuas de papel e massa, grandes e toscas carrancas, estrelas, sóis, luas cobertos de mulheres provocantes. As "sociedades" competiam com nomes góticos como "Pierrôs da Caverna" ou "Tenentes do Diabo". Todo mundo cantava: "Chiquita Bacana lá da Martinica, se veste com uma casca de banana nanica!" De repente, eu vi um carro imenso que era um despotismo de cachos de banana, onde dançava uma mulher lindíssima, completamente nua na proa. Os pais de família, as mães de família (todo mundo era de família) sussurravam: "Olha a Elvira Pagã! Olha a Elvira Pagã!"
Já contei essa história aqui, mas repito.
Elvira Pagã era apenas uma vedete mas, naquele ano remoto, ela queria "provar" alguma coisa. Algumas atrizes como ela (Luz del Fuego e outras) transcendiam o palco e viravam símbolos dos desejos reprimidos no coração das famílias. Eu via nas senhoras distintas a inveja infinita e escandalizada e no olhar de meu pai um brilho faminto que eu não conhecia. Elvira Pagã (que nome anticristão e livre...) foi a precursora corajosa das mulheres nuas de hoje, como Luz del Fuego e Eros Volusia.
Hoje, as mulheres do carnaval travam uma competição frenética de bundas e seios e eu me pergunto: O que querem elas provar? Querem nos levar para o fundo do mar como sereias, querem destruir os lares, querem mostrar que o sexo sem limites resolverá os problemas do Brasil?
Até hoje, quando penso nos carnavais da minha infância, lembro do cheiro do lança-perfume. Carnaval para mim era o cheiro.
O lança-perfume era tudo. Havia uns em vidro, frágeis como ampolas, mas o símbolo do carnaval era o Rodouro Metálico, que ejetava um fino jato de éter, gelando as costas nuas de odaliscas e havaianas que se torciam em risos trêmulos. O perfume flutuava pelas avenidas como uma aragem geral, uma nuvem de felicidade salpicada de pontos coloridos de confetes e rasgada por serpentinas. Hoje, com os corpos malhados, excessivamente nus, falta a celulite, falta o mau jeito, falta o medo, a ingenuidade, o romantismo, falta Braguinha, Lamartine Babo, Mario Lago. Lembro também das escolas de samba a pé ainda na Avenida Rio Branco, um bando de índios de bigode e penas de espanador, pintados de preto, seguidos pelas gordas baianas cobertas de balangandãs.
Naquele atraso havia ainda uma preciosa alma brasileira, um ritmo humano de esperança que víamos no carnaval e no futebol, com Ademir e Zizinho geniais, disputando o Vasco e Bangu, esperança ingênua que se via nos bondes, nos botecos, nos caixotes dos bicheiros nas ruas, nas cadeiras da calçada e até nas favelas líricas e sem droga, sem crimes hediondos.
Este passado ainda se vê hoje no mundo dos foliões anônimos. Nas ruas, está a preciosa origem do carnaval profundo. Lá, estão os desesperados, os famintos de amor, os malucos, os excluídos da festa oficial. O carnaval das ruas está longe do populismo oficial, que transforma o popular em kitsch.
Nas ruas, estão os blocos dos anjos de cara suja, os blocos das escrotas, dos vagabundos, dos bêbados ornamentais, da crioulada pobre.
Só os sujos são santos. Ali, estão as três raças brasileiras entrelaçadas num casamento grupal doido: negros, brancos e índios dando à luz um grande bebê mestiço e gargalhante.
O carnaval de hoje é um grande tumulto. Parece uma calamidade pública musicada por uma euforia disputada pelo narcisismo de burgueses e burguesas se despindo para aparecerem na TV.
Em matéria de saudades, sou nacionalista.
Tenho vontade de botar uma camisa amarela, sair com um reco-reco e um pandeiro na mão e sumir no turbilhão da galeria da minha vida que já passou."
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Voltaire e a loucura
Os doutos ou os doutores dirão ao louco:
“Meu amigo, não obstante teres perdido o senso comum, tua alma é tão espiritual, tão pura, tão imortal como a nossa; porém nossa alma está bem alojada e a tua o está mal; as janelas da casa estão fechadas para ela; falta-lhe ar, ela sufoca”. O maluco, em seus bons momentos, lhes responderia: Meus amigos, pensais à vossa moda, o que é discutível. Minhas ja...nelas estão tão abertas como as vossas, porquanto eu vejo os mesmos objetos e ouço as mesmas palavras: é pois necessário que, ou minha alma empregue maIos seus sentidos, ou seja ela própria um sentido viciado, uma qualidade depravada. Numa palavra, ou minha alma é louca por sua própria conta ou eu não tenho alma”.
Um dos doutores poderá responder: “Meu irmão, Deus criou, é possível, almas loucas, assim como criou almas sábias.” O louco replicará: “Se eu fosse acreditar no que me dizeis, seria ainda mais louco do que já sou. Por obséquio, vós que sabeis tanto, dizei-me, por que sou louco?”
Se os doutores tiverem ainda um pouco de bom senso lhe responderão: “Ignoro-o absolutamente.” Eles não compreenderão por que um cérebro tem idéias incoerentes; não compreenderão melhor por que outro cérebro tem idéias regulares e coerentes. Julgar-se-ão sábios, e serão tão loucos como ele."
“Meu amigo, não obstante teres perdido o senso comum, tua alma é tão espiritual, tão pura, tão imortal como a nossa; porém nossa alma está bem alojada e a tua o está mal; as janelas da casa estão fechadas para ela; falta-lhe ar, ela sufoca”. O maluco, em seus bons momentos, lhes responderia: Meus amigos, pensais à vossa moda, o que é discutível. Minhas ja...nelas estão tão abertas como as vossas, porquanto eu vejo os mesmos objetos e ouço as mesmas palavras: é pois necessário que, ou minha alma empregue maIos seus sentidos, ou seja ela própria um sentido viciado, uma qualidade depravada. Numa palavra, ou minha alma é louca por sua própria conta ou eu não tenho alma”.
Um dos doutores poderá responder: “Meu irmão, Deus criou, é possível, almas loucas, assim como criou almas sábias.” O louco replicará: “Se eu fosse acreditar no que me dizeis, seria ainda mais louco do que já sou. Por obséquio, vós que sabeis tanto, dizei-me, por que sou louco?”
Se os doutores tiverem ainda um pouco de bom senso lhe responderão: “Ignoro-o absolutamente.” Eles não compreenderão por que um cérebro tem idéias incoerentes; não compreenderão melhor por que outro cérebro tem idéias regulares e coerentes. Julgar-se-ão sábios, e serão tão loucos como ele."
Hannah! Ergue os olhos!
Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – o gentio… Negros… Brancos.
Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma do homem… Levantou no mundo as muralhas do ódio… E tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, emperdenidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas duas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio aproximaram-se muito mais. A próxima natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem… Um apelo à fraternidade universal… À união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhões de pessoas pelo mundo afora… Milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas… Vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis!” A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia… Da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem os homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais… Que vos desprezam… Que vos escravizam… Que arregimentam as vossas vidas… Que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como um gado humano e que vos utilizam como carne para canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar… Os que não se fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas é escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou um grupo de homens, mas dos homens todos! Estás em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela… De fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo… Um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.
É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos.
Estás me ouvindo? Onde te encontres, levanta os olhos! Vês? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo das trevas para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos! Ergue os olhos!
O Milagre e a pressa
"Não quero rezar para me proteger dos perigos, mas para ser destemido ao encará-los. Não quero implorar para que me retirem a dor, mas para que tenha um coração que a possa conquistar."
Rabindranath Tagore
Hoje é domingo de carnaval e ainda estamos todos sobre o reinado de Momo. Todos. Inclusive aqueles que como eu, insistem em não se render. Nas ruas, nos blocos, nos desfiles, ou em casa, em retiros espirituais, afastados da folia, o fato é que nossas rotinas foram alteradas. Não gosto disso, não quero isso, quero minha vida dos outros 361 dias do ano.
E aí o que fazer? Procurei meditar um pouco e lembrei-me do que digo, com frequência, aos meus pacientes ansiosos, que me perguntam sobre prazos, tempo de tratamento, quando o medicamento fará efeito, etc, etc, etc....e costumo então responder que "a aula de milagre eu faltei." Faltei mesmo. Mas então o que fazer com a urgente necessidade de ser feliz...ou de, ao menos, estar calmo?
Quero pensar nesse momento no que seria a vida. Seria um agradável domingo no parque ou uma escola de guerra espartana? Nada disso? Um pouco dos dois? Um lugar de aprendizado onde nem tudo são flores, mas um dia a gente descobre o prazer de crescer, ou uma angústia sem sentido onde nunca acharemos nada a não ser sofrimento? Em sua obra "O Mal-Estar na Civilização", Freud coloca que:
"É impossível fugir à impressão de que as pessoas comumente empregam falsos padrões de avaliação,isto é, de que buscam poder, sucesso e riqueza para elas mesmas e os admiram nos outros, subestimando tudo aquilo que verdadeiramente tem valor na vida."
Ser calmo ou feliz olhando a vida através da ótica da minha vontade é sucídio emocional (e se bobear é também físico). Olhar o mundo como se ele tivesse a obrigação natalina atender toda a minha lista de revindicações é perda de tempo, como é perda de tempo dizer que as coisas ou pessoas "me irritam"; na verdade, eu é que estou dando poder ao outro para me irritar.
Posso aplicar aos meus momentos ruins e a angústia da espera a técnica do "ponto de ônibus". Basta aguardar, que em algum momento, ainda que demore, eu certamente sairei daquele lugar onde estou. Essa espera sem sofrimento está contida no Segundo Passo, inicialmente porque ali é onde "viemos a acreditar". Surge uma fé que dissolve o medo, olho para o lado e vejo que "tem mais gente esperando o ônibus". Converso, divido, partilho, e o mundo, estranhamente, apesar de continuar não se apresentando como um lugar ideal, fica muito mais fácil de digerir.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
O papel do Psiquiatra no tratamento da Dependência Quimica.
"As drogas, mesmo o crack, são produtos químicos sem alma: não falam, não pensam e não simbolizam. Isto é coisa de humanos. Drogas, isto não me interessa. Meu interesse é pelos humanos e suas vicissitudes."
Antonio Nery Filho
É fato. Olhar o paciente usuário de drogas como somente um dependente químico é um reducionismo perigoso. A relação do indivíduo com as drogas desgasta sua personalidade ou sequer permite a construção de uma, levando a uma conclusão perigosa, mas infelizmente comum, que a questão está somente na droga. Se prestarmos atenção aos 13 principios para tratamento eficaz recomendados pelo NIDA ( National Institute on Drug Abuse), poderemos tecer algumas considerações. Vejamos:
PRINCÍPIO 1-
Um único tratamento não é apropriado para todos os indivíduos.
PRINCÍPIO 2 -
O tratamento precisa estar prontamente disponível.
PRINCÍPIO 3
- Um tratamento eficaz é aquele que atende às diversas necessidades
dos indivíduos e não apenas ao uso de drogas.
PRINCÍPIO 4 -
O tratamento de um indivíduo e o plano de serviços devem ser
continuamente avaliados e modificados quando necessário para garantir
que o plano atenda às necessidades mutantes da pessoa.
PRINCÍPIO 5 -
A permanência no tratamento por um período adequado de tempo é
essencial para sua eficácia.
PRINCÍPIO 6 -
Aconselhamento (individual e / ou em grupo) e outras terapias
comportamentais são componentes cruciais para um tratamento eficaz.
PRINCÍPIO 7 -
Medicações são um elemento importante no tratamento de vários
pacientes, especialmente quando combinadas com aconselhamento e outras
terapias comportamentais.
PRINCÍPIO 8 -
Indivíduos com distúrbios mentais que sejam dependentes das drogas
devem ser tratados de maneira integrada de ambos os problemas.
PRINCÍPIO 9 -
Desintoxicação médica é apenas o primeiro estágio do tratamento e por
si mesma contribui pouco para mudança a longo prazo de uso de droga.
PRINCÍPIO 10 -
O tratamento não precisa ser voluntário para ser eficaz.
PRINCÍPIO 11 -
O possível uso de droga durante o tratamento deve ser monitorado
continuamente.
PRINCÍPIO 12 -
Programas de Tratamento devem proporcionar avaliação para AIDS/ HIV,
Hepatite B e C, Tuberculose e outras doenças infecciosas e
Aconselhamento para ajudar pacientes a modificarem comportamentos de
risco de infecção.
PRINCÍPIO 13
- A recuperação da Dependência Química pode ser um processo a longo
prazo e freqüentemente requer vários episódios de tratamento.
Fontes:
NIDA – National Institute on Drug Abuse
Especialmente para familiares de pacientes internados, esses princípios devem ser tornados conhecidos e discutidos com muita atenção. A necessidade de um olhar multidisciplinar, de ter tempo hábil para perceber um duplo diagnóstico e a partir daí tratar a outra doença além da DQ, a compreensão de que a doeça prevê recaídas e que isso não necessariamente significa um fracasso no tratamento, mas uma etapa da doença. Afastar o preconceito do individuo contra si mesmo, e da familia e da sociedade, nos facilitará a ver cada paciente como um ser humano único, com necessidades próprias, e que merece ter uma visão individualizada da equipe que o trata.
O profissional de saúde mental que atua com dependentes químicos deve fugir da visão referencial da doença, do tipo "tomada aérea da cracolândia", quando assistimos na televisão imagens de dependentes químicos feitas de helicopteros, ora distanciadas, ora desfocadas. É preciso profundo mergulho, caso a caso, em cada alma que pretendermos tocar, e ao fazê-lo, é prudente seguir a sábia recomendação de Carl G. Jung:
"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."
"Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana."
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